terça-feira, 17 de maio de 2011

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Crianças imitam...


Dizer  "não" teambem é um ato de amor


Textos para formação de Pais e Educadores



Castigo ou correccção?
Há dias li num jornal que qualquer castigo deixa uma marca de ressentimento, e que, por isso, devemos evitá-lo e até denunciá-lo.
Esta generalização pareceu-me perigosa. Não porque eu esteja a favor do castigo, mas porque ela pode levar muitos pais e professores a pensarem que é mau corrigir, quando isso não é verdade. Tudo depende de o que se entende por “castigo”.
Qualquer educador, seja ele pai ou professor, está investido em autoridade para educar e formar o filho ou o aluno. Parte desse trabalho formativo e educativo exerce-se através das correcções de todos os dias. Se nos for tirada a possibilidade de corrigir, tiram-nos, ao mesmo tempo, a capacidade de educar.
Hoje em dia muitos adultos têm medo de “traumatizar” as crianças se as corrigirem ou lhes chamarem a atenção para maus comportamentos. Há quem nunca diga não aos filhos, por medo a que se zanguem ou a que isso faça descer a sua autoestima. Sem pensarem em que os prejudicamos mais deixando-os no erro ou permitindo-lhes que façam disparates que os possam prejudicar. Quantas bofetadas a tempo salvaram alguma criança que brincava com uma faca ou que se preparava para meter o dedo na tomada da electricidade! É certo que a criança chorou, mas se não o tivéssemos feito nunca mais teria possibilidade de chorar. Muitas vezes pode acontecer-nos, com os adolescentes, que para evitarmos que “chorem” por uma correcção permitimos que venham a sofrer amargamente as consequências de um comportamento que se poderia ter evitado se tivéssemos actuado na altura certa. E, acreditem-me, isto sim é que cria ressentimentos.

Com o passar dos anos
Se pensarmos bem, agora que somos adultos, naquilo que mais nos faz estar agradecidos aos nossos educadores, compreendemos que é precisamente a paciência e constância que tiveram para nos ajudar a formar hábitos e a superar erros e limitações, apesar das nossas zangas e falta de colaboração em muitos casos. Isso implicou uma série de correcções ao longo da vida, com “más caras” nossas em muitas ocasiões, mas que agora agradecemos. E até reconhecemos que somos o que somos graças a elas.
Nunca esquecerei que quando estava no 5º Ano, num exame de Matemática, perspectivei bem um problema e resolvi correctamente as operações, mas ao colocar o resultado esqueci-me de especificar que se tratava da unidade “metros”. A professora considerou errado todo o problema por causa disso! Fiquei zangada, é claro! Mas não me traumatizei nem lhe guardo ressentimento. Pelo contrário, estou-lhe muito agradecida, porque graças a essa correcção não voltei a ter despistes desse género, e isso ajudou-me muito ao longo da vida.
Por outro lado, se nos pusermos a pensar, ninguém nasce sendo já ordenado, ou bem comportado, ou com a prudência necessária, no convívio com as outras pessoas, para não incomodar ninguém. Todas estas características, que dizem tão bem de um adulto, são na maior parte dos casos o resultado de um longo processo de correcções por parte dos pais ou dos professores quando a pessoa era ainda uma criança. A teoria sozinha não forma. Para formar o hábito da sinceridade não basta que digamos à criança que é mau dizer mentiras. É necessário, por um lado, que a motivemos a dizer a verdade e que a felicitemos quando o fizer, para que aprenda a sentir a satisfação de ter feito uma coisa boa. Mas, ao mesmo tempo, se não a corrigirmos quando mentir, continuará a fazê-lo e não conseguirá o hábito desejado.

As más experiências
É verdade que às vezes se abusou dos castigos, chegando a magoar a criança física ou afectivamente. Por isso se compreende que se insista tanto em prevenir esses casos e assegurar que não voltem a acontecer. Mas isso não justifica que se deixe de corrigir e de educar. Por outro lado, devemos recordar que a educação é uma arte e que se deve aplicar de maneira personalizada. Qualquer mãe sabe muito bem que aquilo que lhe serviu para corrigir o filho mais velho muito provavelmente não a ajuda com o mais novo. A maneira de corrigir deve depender da criança que se corrige, da personalidade e da idade de cada um.
Tendo em conta o que se disse anteriormente, é possível dar alguns conselhos práticos para assegurar que os nossos modos de corrigir não prejudiquem as nossas crianças, mas que, pelo contrário, as ajudem a crescer como pessoas.

Por amor
Primeiramente, é muito importante que a correcção seja feita para ajudar a criança a ser melhor, e não porque nos incomodou com aquilo que fez. As crianças têm como que um sexto sentido que lhes permite captarem bem as intenções dos pais e professores. Sabem perceber quando são corrigidos por amor e quando são corrigidos por irritação.
Além disso, com as correcções ensinamo-las a distinguir aquilo que está bem daquilo que está mal. É preciso que sejamos muito consequentes nisto, para que a criança entenda que foi corrigida porque bateu num irmão, e não porque a mãe estava de mau humor. As crianças são mais inteligentes do que aquilo que muitas vezes pensamos, e vão formando os seus próprios critérios de bem e de mal não tanto por aquilo que lhes dizemos, mas sim pelas nossas reacções relativamente àquilo que fazem.
Sempre
Em segundo lugar, não é preciso esperar que a criança chegue à idade da razão para a corrigirmos. Nessa idade já chegamos tarde. A criança começa a formar hábitos desde que nasce, pelo que os primeiros anos são fundamentais para a sua educação. Se não está em idade de entender razões, não lhes dê. Mas não deixes de corrigir imediatamente. Fazes-lhe um grande favor ao ajudá-la a adquirir hábitos desde a mais pequena idade.

A hora de reflectir
Quando a criança já entende razões, é importante que aprenda que tudo o que faz tem consequências. Todo o acto bom terá consequências boas, e todo o acto mau, consequências más. Na vida corrente, as consequências, quer sejam boas ou más, nem sempre se deixam ver instantaneamente. Por vezes demoram anos a chegar, mas chegam sempre. Descuidar a própria saúde, talvez não me afecte imediatamente, mas fá-lo-á mais cedo ou mais tarde. Esforçar-me nos estudos pode não dar resultados imediatos, mas no dia em que encontrar trabalho darei por bem empregues tantas horas de esforço. É preciso ajudar a criança a ver as consequências dos seus actos de forma imediata, para que compreenda esta relação entre o seu comportamento e a consequência, e é aqui que os reforços e os correctivos entram em jogo. Dar os parabéns, ou dar uma palmadinha nas costas são coisas que ajudam a criança a entender que o que fez foi bem feito, e muito provavelmente ela procurará fazê-lo de novo. Uma censura, ou mesmo uma sanção, conforme o caso, far-lhe-ão ver que não deve repetir aquilo que fez. É muito importante que compreenda que o correctivo lhe é aplicado não porque se está zangado com ela, mas que é uma consequência daquilo que fez, e que está nas suas mãos não voltar a recebê-lo.
Saber
É importante que a criança saiba em que é que está a ser corrigido e porquê. De pouco serve tirar-lhe o brinquedo preferido durante uns dias, se ela não souber por que motivo ficou sem ele. Mas, se souber a razão, evitará fazer a mesma coisa no futuro, e podemos dizer que aprendeu.


Proporção
Também é importante que a correcção seja proporcional àquilo que a criança fez, e que o correctivo em si mesmo não lhe faça mal. Não podemos deixar uma criança sem comer, ou a apanhar chuva, por castigo. Mas podemos talvez proibi-la de ver televisão algumas vezes.

Reparando
Ajuda muito, na medida do possível, que o correctivo tenda a reparar o mal que a criança ou o jovem possa ter feito. Desta maneira, por um lado, compreende que as suas ações podem prejudicar os outros e, por outro, aprende a responsabilizar-se por elas.

A sábia prudência
É importante que os correctivos sejam apropriados à idade da criança ou do jovem. Se já estiver em idade de entender as razões, convém esperar pelo momento oportuno para falar com ele, e que ele mesmo aceite o correctivo como consequência daquilo que fez. Em muitos casos isto é muito saudável e até lhe dá a sensação de ter reparado o mal que possa ter ocasionado com o seu comportamento. Mas se, pelo contrário, lhe impomos o correctivo sem que ele seja consciente de que fez algo mau, isso poderá levá-lo a não repetir o que fez, mas fará isso mais por medo do que por convicção. Além disso, corre-se o risco de gerar nele um sentimento de injustiça, fazendo que se quebre a comunicação com ele. O que seria muito prejudicial, pois então perderíamos a capacidade de o ajudar.

Forma e fundo
A regra de ouro que nunca falha é a de sermos suaves na forma e firmes no fundo. Precisamos de educar, e isto implica corrigir. Mas isso não é incompatível com o carinho, as boas maneiras e a simpatia. É acertado o dito que afirma que atrai mais uma gota de mel do que um barril de vinagre. A correcção é uma forma muito autêntica do nosso amor aos filhos e aos alunos. Não deixemos claudicar a nossa responsabilidade de educadores, mas, isso sim, façamo-lo com amor.

(Liliana Esmenjaud, Mujer Nueva – tradução para a Aldeia de Jorge N.).





Escola é lugar de Gente
Cercados de pessoas por todos os lados e sozinhos...

A Escola é: o lugar onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima: Coordenador é gente,o professor é gente, o aluno é gente,cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de "ilha cercada de gente por todos os lados". Nada de conviver com pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém, nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se amarrar nela. Ora, é lógico... Numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.
Paulo Freire

Educador Brasileiro
Vivemos em rede. Conectados. Plugados. Praticamente 24 horas por dia online. Pela Internet, através de nossos computadores e celulares, vamos do Brasil ao Japão em segundos. Temos contatos em todos os cantos do mundo. A tecnologia nos permite este assombro e nos abre possibilidades fantásticas. Estamos na “rede cercada de gente por todos os lados”.
Mas quem realmente conhecemos? Com quem convivemos? Onde estão as pessoas de carne e osso? E quando elas estão próximas mesmo, estendemos as mãos para elas? Sabemos quais são seus interesses, ideias, princípios? De que valem as redes se elas conectam, criam links, mas não permitem o estabelecimento de laços reais, profundos e verdadeiros entre as pessoas?
As escolas, como nos lembra Paulo Freire - com sua sabedoria própria e peculiar, simples e devastadora - só se constituem de forma plena enquanto ambientes de aprendizagem se a percebermos (e a realizarmos) indo além do estudo e do trabalho, seus elementos basilares...
Ir à escola para estudar é apenas pretexto e ainda não nos demos conta... A educação encerra possibilidades muito maiores e, ainda, possibilita a aprendizagem, literalmente como efeito colateral, a partir da interação, do encontro, da concretização de laços afetivos, da definição de objetivos comuns e da camaradagem...
E qual o maior ponto de encontro senão o fato de sermos todos seres humanos, gente de carne e osso, com nossas qualidades e fraquezas, medos e inseguranças, vitórias e conquistas? Professores, diretores, alunos, pais, funcionários e todos os elementos que estão na escola reúnem-se a partir da premissa da educação, mas este nobre propósito só se efetiva se conseguirmos criar elos que nos aproximem e que nos permitam unificar ações utilizando a riqueza que há em nossa diversidade...
Passar pela escola, ou ainda, em maior instância, pela vida, sem “criar laços de amizade”, “ambiente de camaradagem”, ou ainda sem “se amarrar nela”, como nos lembra com lirismo o mestre Paulo Freire, não é viver, é apenas sobreviver...
E no mundo de hoje, paralelos entre a escola e a sociedade, aceleradas, mas aparentemente perdidas quanto ao destino, nos conclama a refletir quanto ao mundo e a vida que queremos, para nós mesmos e nossos descendentes, amigos, parentes, vizinhos, conterrâneos...
Que escola desejamos? Que redes estamos construindo? Que vida almejamos? Pare. Pense. Se articule para chegar aonde realmente quer ir... Vá além dos prédios, dos livros, dos conteúdos... Ultrapasse o computador, o celular, as redes, a internet... Chegue nas pessoas, abrace seu próximo, estimule o companheirismo, seja amigo... Afinal de contas, é nisto que reside o objetivo final de todos e de qualquer um, simplesmente, na felicidade... E não há maior felicidade no mundo que o encontro fraterno e verdadeiro entre as pessoas...

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/